Imagem extraída do Google
No
dia do lançamento de meu livro, um dos meus irmãos citou Graciliano Ramos ao
definir minha escrita:
“Quem
escreve deve ter todo o cuidado para a coisa não sair molhada.
Quero
dizer que da página que foi escrita não deve pingar nenhuma palavra, a não ser
as desnecessárias. É como pano lavado que se estira no varal. Deve-se escrever
da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício.
Sabe
como elas fazem? Elas começam com uma primeira lavada. Molham a roupa suja na
beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a
torcer.
Depois
colocam o anil, ensaboam, e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais
uma molhada, agora jogando a água com a mão.
Depois
batem o pano na laje ou na pedra limpa e dão mais uma torcida e mais outra,
torcem até não pingar do pano uma só gota.
Somente
depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no
varal, para secar.
A
palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso, a palavra foi
feita para dizer."
Até
então, eu não tinha me dado conta que sou uma cronista! J Na verdade, quando me denominam “escritora”, ainda
soa estranho pra mim!
Às
vezes, sinto-me um tanto limitada, pois sei apenas escrever crônicas, e ocasionalmente,
algumas reflexões...
Não
tenho o dom como alguns escritores mais ecléticos, de escrever outros gêneros
literários: como poemas, contos e romances.
Sou
apenas cronista! É isso que sou em minha essência! Sei escrever sobre aquilo
que vivencio, sinto ou observo.
Quando
começo - escrevo, leio, releio, mudo uma palavra aqui, outra ali, e assim vou
amarrando as minhas ideias, até que chega o momento em que olho para o que
escrevi, e ali está o que quero dizer!
Não
sei falar muito bem do que os outros sentem - um dia, um tio me sugeriu
escrever sobre os sentimentos do meu marido em relação ao nosso filho. Consegui
escrever assim poucas vezes... É difícil pra mim, externar em palavras o que as
outras pessoas sentem.
Talvez
seja uma espécie de egocentrismo: pois só consigo passar para o papel com
propriedade, aquilo que verdadeiramente sinto, percebo e experimento!
Quando
estou inspirada, sento ao computador e as palavras vão fluindo de uma só vez! É
um processo natural: não preciso pensar muito, elas fluem livremente!
E
aí, como as lavadeiras, eu "começo uma primeira lavada, torço e
retorço", até que no final, as palavras exprimam exatamente o que estou sentindo, aquilo que quero passar para as pessoas!
Minhas
crônicas são escritas com os mais variados sentimentos: de alegria, de tristeza... Em sua
essência, vem diretamente do meu coração!
E
também, muitos fatos que outrora me trouxeram problemas, deixaram-me nervosa ou
ansiosa, depois de um tempo transformam-se em histórias cômicas - em que
ao lembrar, dou boas risadas!
Ou, então me levam a reflexões.
Escrever
é uma espécie de terapia... Comecei há quatro anos, e de lá pra cá, não
consegui mais parar!
Viver,
sentir, sorrir, chorar, observar, experimentar... Tudo isso é motivo de inspiração pra mim!
É
um aprendizado, são momentos reflexivos, que eu eternizo com minhas palavras...
"O
cronista é um homem comum, que tem o dom de ver o cotidiano com os olhos da
emoção."
Muito bom minha amiga cronista!
ResponderExcluirTambém sinto o mesmo!
O escritor em geral tem seus sentimentos mais fortes, ou pelo menos extravasados..
ResponderExcluirAmo suas cronicas....
Não se sinta sem graça de colocar no papel palavras do coração.
Adelisa, uma frase de Leon Tolstoi: "Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia", correlacionada a "Canta a tua aldeia e cantarás o mundo".
ResponderExcluirQuando afirmas "só consigo passar para o papel com propriedade, aquilo que verdadeiramente sinto, percebo e experimento!", estás sendo universal. Expressas a vivência de um ser humano, e, "uma gota no oceano é todo o oceano em sua imensidade".
Cara colega Adelisa, no filme "O Sorriso de Mona Lisa" a Julia Roberts em certo momento tece o comentário que: "... arte é tudo aquilo que seu autor o declara ser!". Isso, alem de ser lindo, é de uma profundidade incrível. Voce, assim como tantos humanos, que descreve suas visões do mundo, reais ou não, cria arte. Não basta escrever pois uma cópia não é arte (ainda que assim o pareça). As descrições pessoais que são colocadas para dar, ou retirar cores, de uma cena, essas sim transformam a escrita em arte. O "timing" dando cadência, o sentimento dando emoções, a experiencia dando profundidade, e outras características mais é que fazem de um escritor um artista.
ResponderExcluirÉ esse dom que promove os encontros que são tão divinos.
É essa coisa que Vinicius fala: "Viver é arte do encontro em um mundo de tantos desencontros!"
Bom ter encontrado voce. Bom voce nos encontrar. Parabens, artista!