Comecei
a escrever esse texto no dia 15/04/2020:
Hoje,
como está acontecendo já há quase um mês - acordei tarde. Quase 10h da manhã!
Tenho dormido depois das 2h00... O sono não vem...
Então
fui ao quintal pra tomar sol e fazer alguns exercícios. E não pude deixar de
lembrar dos presos - que saem ao pátio das prisões -, para tomar
banho de sol!
Que
situação! É surreal...
...
Já
não saio de casa há mais de um mês! Estou de quarentena com meu filho. O único
que sai é meu marido, para trabalhar e fazer as compras do mercado.
Quando
ele volta do mercado, instala-se uma verdadeira “operação de guerra”: os
sapatos ficam fora de casa, e são desinfetados com água sanitária. Ele já vai
para o banheiro, trocar a roupa, ou tomar banho. As compras são todas
desinfetadas com álcool 70º, as frutas são lavadas. Mas ainda assim - a
impressão que fica - é que tudo ainda está contaminado!
Deus
queira, que todos nós não fiquemos com TOC depois dessa quarentena...
No
sábado que antecedeu a Páscoa, dei uma saidinha de carro (a única), para levar
ovos de Páscoa, para a minha filha e meus netos.
Que
saudade! Já fazia mais de vinte dias que não nos víamos pessoalmente! Mesmo
assim, os vi de longe pela janela, e usando máscara.
Meu
marido quis dar um volta pela cidade, para espairecermos um pouco. E também foi
surreal... Motoristas dirigindo de máscaras, como nós. E todo mundo se olhando,
assustado!
No entanto, ao passar por um parque de minha cidade, vimos grupos de pessoas caminhando, como
se nada estivesse acontecendo...
É
triste... As pessoas não têm consciência, com relação ao próximo!
Enquanto
nos privamos de várias coisas, com o isolamento - eles caminham
despreocupadamente... Se adoecerem, vão superlotar os hospitais, e tirar a vaga
de muita gente!
Estamos
cumprindo a quarentena, por nós, e pelos outros, também!
Desde
que ela começou, tenho vivido toda a espécie de sentimentos!
No
começo bateu um desespero por não poder sair!
Depois,
mais preocupação - pois meu filho e eu tivemos uma virose! Tivemos
febre, “empipocamos” ... Na ocasião, o pediatra dele descartou a Covid.
Não
sei se foi virose, se foi Zica (por causa dos sintomas...). Só sei que não
fomos ao hospital, com medo de contrair coisa pior... Graças a Deus, passou!
Noutros
dias, dou muitas risadas – pois apesar da situação ser trágica, sempre tem
alguém fazendo piada! E muitas delas são hilárias!
Só
mato a saudade da minha filha e dos meus netos, e outros familiares, por
telefone ou vídeo chamada! Eles também estão
isolados...
Mesmo com os pais tendo tempo, para ficar com as crianças – a maioria delas se sente
solitária. Pois não vão mais à escola; não brincam com os coleguinhas, e nem
com as crianças da família...
Fico
pensando nos traumas, que esse isolamento pode gerar, lá no futuro... Eu oro e
peço a Jesus todos os dias, que guarde a mente e coração - das nossas crianças!
Depois
de mais de vinte dias, a gente vai se acostumando ao confinamento, como bem
lembrado num trecho do livro “Amor em tempos de cólera”:
"Sabia que depois de 21 dias deste comportamento, se cria um hábito?
"Sabia que depois de 21 dias deste comportamento, se cria um hábito?
A
impressão que tenho é que esse isolamento nunca mais vai ter fim...
Por
outro lado, sonho todos os dias, com o dia em que esse “pesadelo” vai acabar! E
poderemos nos abraçar novamente!
Caminhar,
ir à igreja, ir à praia... Enfim - ir à qualquer lugar; e poder sair sem medo!
Todos
passaram a dar mais valor, em muitas coisas que passavam desapercebidas, com a
correria do cotidiano: o amanhecer, o pôr do sol. A companhia dos familiares e
amigos. A paz de simplesmente poder ir e vir...
Pudemos
encarar também, o fato de sermos tão consumistas!
Quanta
coisa, eu deixei de comprar, nessa quarentena – pelo simples fato de não poder
sair? E por incrível que pareça, a maioria não está me fazendo falta nenhuma!
Às
vezes reclamo de estar “presa” em casa. Mas ao assistir o noticiário, vejo que
têm pessoas confinadas em navios de cruzeiro - há mais de um mês -,
em minúsculas cabines! Sem poderem sair!
Nos
noticiários vemos apenas notícias tristes... Pessoas doentes e morrendo, pelo
mundo afora! Pessoas desesperadas, que perderam seus empregos...
A
pandemia trouxe o caos para o mundo! É triste: o mundo parou para
esperar esse vírus passar!
O
futuro parece realmente sombrio...
Nessa
Páscoa assistimos ao culto da nossa igreja, pela internet. E na hora da oração
- em que lembramos da ressurreição de Cristo - eu pedi a Jesus por liberdade,
saúde e cura!
Apenas
a liberdade que tínhamos - de ir e vir! Liberdade de poder abraçar e beijar
nossos queridos... ❤
Saúde,
para que passemos incólumes a tudo isso!
E
a cura: para esse vírus, tão devastador!
Na
Palavra do culto de Páscoa, o Pastor citou João 10:10:
“Eu
vim para que tenham vida, e a tenham em abundância”!
É
essa vida que eu - oro, peço a Deus, e –, quero de volta!💕
P.s.: esse é o primeiro texto, de uma
série de relatos meus, sobre a quarentena.